segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Deus e o Diabo na terra do cotidiano

Quando pré-adolescente eu gostava bastante de Legião Urbana, ouvi os CDs de cabo a rabo até um belo dia conhecer Nirvana. Comecei a ouvir e a pesquisar sobre a banda, cada dia de forma mais voraz, virei um fã de carteirinha. Aos poucos percebi que havia uma certa “filosofia musical” (coisa de adolescente) que não era compatível mais com Legião Urbana, e de repente via a Legião indo do céu ao inferno, a banda que eu adorava agora era alvo das minhas próprias críticas.

Este é só um exemplo pra caracterizar um comportamento que todos julgamos ser tipicamente adolescente. Claro que há as pessoas, que chamo de “água com açúcar”, que nunca foram fanáticas com uma banda e tampouco odiaram uma outra, não é dessas pessoas que eu estou falando. Permitam me dizer que esse tipo de gente para mim é desprezível, ou no mínimo incompatível com minhas escolhas. Além disso acho que o ódio e o amor são sentimentos complementares, alguém quem não odeia dificilmente vai amar e talvez a recíproca seja verdadeira, mesmo que se negue veemente. Talvez assim surja a apatia, quando se deixa de amar, ou se deixa de odiar.

Mas enfim, vamos voltar à dicotomia das bandas, ela serve para legitimar o título deste post. Todos nós (exceto os água com açúcar) lembramos dos nossos extremismos adolescentes, como negamos as estruturas sociais, como prometemos para nós e para todos ao redor que nunca faríamos certas coisas comuns e como quebramos a nossa cara ao entrarmos na fase adulta e seguir a cartela social a risca, como manda o script.

Então, já na fase adulta (onde em tese eu devo me encontrar) olhamos para trás e vemos o como éramos extremistas, ai pensamos: agora já amadureci, não caio mais nessa armadilha de extremismos. Uma pessoa madura tem que conseguir achar o meio termo.

Só que percebemos (ou ao menos percebo) que não é bem assim que acontece. Minha vida é feita de extremismos: bossa-nova e punk, baixo e guitarra, refrigerante e whisky, história e matemática, presenças e ausências, puritanismos e “junkienismos”. Mas ao contrário de muitos, acho que os extremismos são necessários, e tornam a vida mais apimentada. Esse negócio de aceitar qualquer coisa, de estar tudo bom, de cada um na sua, gosto não se discute e por aí vai não me convence. Acham que existiria Mozart, Burgess, ou Nietzsche se eles concordassem que cada um devia seguir o seu caminho? Nem é necessário dar minha opinião.

Porém, mesmo sendo uma das pessoas mais extremistas que já tomei nota, vejo que essa nossa tendência aos extremismos às vezes se torna patética. Como podemos de repente, odiar algo que amamos intensamente? Será que vivemos uma vida de mentiras sobrepostas, e que nada faz sentido, que apenas existe o agora, e que o passado é um verme que deve ser morto todo dia de manhã?

Essa é outra tendência demasiadamente humana, a de subjugar o passado, de ver com nossos olhos maduros e superiores um passado inocente, onde sempre fomos enganados pelas circunstâncias.

Isso pra mim não acontece, não há enganação, há dedicação, entrega em cada detalhe como se tudo ao meu redor estivesse envolto em uma atmosfera passional. As coisas que eram boas eram boas sim, basta lembrar da sensação de ouvir Nirvana ou até mesmo Legião Urbana. Aquele já preencheu minha vida, já me fez bem, e hoje tenho consciência que meu passado é quem construiu o meu presente e quem dará base pra meu futuro.

OK, post deveras brega e piegas. Tudo isso é só pra dizer que não trate o seu passado como se fosse um lixo que teve que passar, como se fosse uma vacina para todo o mal do mundo que está por vir. Lembre da sensação do momento, lembre que é bom sentir, e principalmente é bom viver apaixonadamente. E não seja água com açúcar, caso contrário você tem sérias chances de não conversar comigo (oh, como isso é importante! Hahaha).

Ah, última observação... Desculpe pelo o sermão de um desconhecido. Mas é que ultimamente eu estou com poucos amigos para dar conselhos. :)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Enfim, desisto

o pires então transborda

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Som e Fúria

Havia harmonia, havia a melodia
Mas quem se importa com música?
Havia versos, havia ritmo e rima
Mas poesia faz sentido?

Sem música, sem poesia
Apenas som, som e fúria

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dois mundos, um eu.

Desde que li pela primeira vez o Demian de Hesse, não me esqueci mais de sua metáfora para os dois mundos existentes, que ele apresenta logo no primeiro capítulo. De um lado há o mundo de luzes alvas, do conforto e previsibilidade, de outro há o mundo das sombras, muitas vezes desconhecido, onde a existência do desconforto é latente.

O primeiro é algo que se aspira a maior parte do tempo, e muitas pessoas nem conseguem perceber o segundo. Na verdade há algo mais confortável do que um mundo onde só existam linhas retas, apenas luz, onde a esperança é tão forte que chega a ser palpável? (ao longo deste post esses mundos vão ficar mais inteligíveis para todos)

Hesse em sua obra chama atenção para o entrelaçamento que envolve esses dois mundos, como eles são próximos, como eles dialogam o tempo inteiro. Talvez seja nesse ponto que me faço divergir do autor. Em minha vida as coisas costumam ser como “aqua et oleu”, para mim não existe ponto de conexão entre estes dois mundos. Ou melhor, pode até ser que existam, as coisas sempre estão conectadas, mas não consigo viver estas duas experiências simultaneamente.

Essa minha dificuldade em viver em dois mundos ao mesmo tempo, faz com que eu viva intensamente cada experiência, faz com que eu chegue aos extremos, experiemente até as últimas consequências, ou no mínimo as penúltimas, pois a última às vezes não lhe permite experimentar uma próxima. :)

Desta forma, durante toda a minha vida eu fui um dos que apenas conheceu um lado da moeda, e o lado predominante sempre foi o das luzes. E nesse ponto o trocadilho é quase que indispensável, realmente eu sempre fui um bocado iluminista, um bocado racional, um bocado inocente sobre as várias possibilidades que a vida oferece. Isso me fez viver uma vida de conforto sem igual, por muito tempo.

Esse tipo de comportamento fez com que eu relacionasse minha experiência com a de Sinclair (narrador do livro). Enquanto Emil Sinclair afirma que o seu cândido mundo é constantemente bordeado pelo o mundo lúgubre, no meu caso é o contrário – meu mundo sombrio é constantemente bordeado pelo o claro. Para entender esse raciocinio é necesário que eu deixe duas coisas claras, em primeiro lugar não considero esse bordeamento uma interação entre os dois mundos, considero no máximo uma sobreposição em determinados momentos, como uma noite de chuva após um longo e escaldente dia de sol. Em segundo lugar, ao contrário do que pode parecer, não vivo a maior parte do tempo em um mundo sombrio, mas é só nele que o mundo claro pode interferir. Quando estou no mundo inocente, a inocência é plena, o mundo negro não ousa se aproximar de maneira furtiva.

Mas no final das contas eis o mundo negro que toma-me a vida, porém, antes de tudo é importante esclarecer mais um ponto sobre este mundo, o mundo negro não é ruim, e os adjetivos que venho utilizando ao longo do post não são pejorativos. Ele só causa desconforto, é imprevisivel, é muitas vezes impensado, a bússula não funciona dentro deste ambiente. Pense num mundo de trevas, onde você não consegue enxergar um palmo em frente aos seus olhos, é assim que me sinto. E tenho que assumir, isso não é ruim.

Porém, ao contrário do que vinha acontecendo, os insights de luz vêm me visitar a todo momento, a razão, a honra, a virtude e todas essas coisas inventadas ainda fazem parte de mim e seus símbolos ainda são forte como uma ferida aberta, me causam febre, me tiram o sono.

É estranho dizer isso, mas eis o que me incomoda, se agora não consigo ver onde piso por causa da escuridão, antes não conseguia enxergar por causa da forte luz que me cegava, e me dava um rumo a seguir, um rumo circular, sem sentido. Prefiro caminhar sem direção, do que na mesma direção de sempre. Mas de pouco adianta, falta-me coragem. Nietzsche já disse uma vez: “Mesmo o mais corajoso de nós raras vezes tem a coragem para o que realmente sabe”, é exatamente assim que me sinto.

Acho que estou passando por uma crise epistemológica interna, como a da pós-modernidade. A mundo de certezas vem caindo, a cada dia mais. Porém minhas ideologias estão nascendo, cada dia ficando maiores.

Não vou dar exemplos didáticos, como costumo fazer, sobre esses dois mundos, por dois motivos: 1 - se quiserem entender a metáfora de Hesse, leiam o primeiro capítulo de Demian; 2 – não vou expor minha luz e minhas sombras para vocês, nem lhes conheço ora bolas.

Por último, gostaria de terminar novamente com Nietzsche:
Como? Vocês escolhem a virtude e o peito estufado, e ao mesmo tempo olham furtivamente para as vantagens dos irrefletidos? - Mas com a virtude renuncia-se às vantagens.
Pois é, renuncio a virtude, murcho o meu peito e fico com as vantagens. Agora quero aprender a fechar meus olhos quando a luz tocar em minha ética, seja lá qual for. Fazer com que quando o calor cândido do mundo branco tocar minha consciência ela esteja morta, assim como todos esses símbolos que me empurraram goela abaixo durante toda a minha vida.

"A ave sai do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer tem que destruir um mundo."

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mudanças e permanências

Bem, minha vida é hoje uma coisa totalmente diferente de 1 ano atrás, porém algumas coisas por mais que se tente são difíceis de mudar. É quase uma estrutura, mas enfim, tudo isso para lembrar que o poema:

http://alexandreubaldo.blogspot.com/2008/08/cega-inocncia.html

Faz mais sentido agora do que quando foi escrito. E dessa vez agravado pelo o simples motivo de não dever fazer mais sentido, mas faz.

OK, esse post foi medíocre. =)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Painkillers for a new life

Antes de mais nada, esse é mais um tópico sobre a dor. Mas o importante é que o motivo da postagem é outro bem diverso.

Não raramente, costumo ter dores fortes e hoje foi um desses dias. Normalmente essas dores começam de madrugada e só percebo que não estou bem, quando acordo de um pesadelo. Nesses casos o motivo do pesadelo é a dor, o desconforto físico é quase sempre revertido em sofrimento psicológico.

Todos já devem ter passado por uma experiência parecida, algum incomodo físico que é revertido num sonho, numa situação surreal que reflete o desconforto físico. O mais comum é deitar em cima do braço e sonhar que o membro está sendo amputado, ou prender o pé em algum lugar e sonhar que alguém está te prendendo, enfim, algo que seja muito semelhante a atual situação do seu corpo.

No meu caso como são dores abdominais, daquelas que se diluem por seu corpo, que se misturam com outras sensações, você não sabe ao certo de onde vem, sabe que dói, sabe que é horrível, e só quer fazer passar. Que tipo de pesadelo uma dor dessas pode gerar?

Se eu tentasse imaginar um pesadelo deste tipo, sem nunca ter vivenciado, acho que não conseguiria, mas como vivencio isso posso tentar descrever. Esses pesadelos revelam os meus maiores medos, reconstroem fatos que me causariam o maior desconforto. Algo como imaginar o seu melhor amigo lhe aprontando uma puta sacanagem ou você sendo humilhado em público por um motivo qualquer. Mas acredite, os pesadelos tem detalhes sórdidos, e não adianta acordar e voltar a dormir, porque o pesadelo irá voltar, enquanto a dor existir o pesadelo vai te perseguir. Não é só isso, ele assume formas assustadoras, situações irreais que usam o argumento do ridículo para te convencer, um amontoado de hipérboles que em seu estado letárgico de sono e dor são aceitas como verdades absolutas. Ou seja, como se não bastasse a dor ainda vem o tormento psicológico, isso confirma a teoria de que desgraça pouca é bobagem.

Agora, finalmente podemos chegar ao motivo do tópico que não é a dor e sim os painkillers (analgésicos). Em meio a madrugada levantei como um zumbi procurando um, e achei. Aproximadamente 30 minutos depois de uma superdosagem já me sentia bem melhor, iria finalmente poder dormir sem dor, sem pesadelos. Mas a maior sensação de conforto é o pragmatismo dos medicamentos, você sabe exatamente o que tomar para acabar com cada dor. E a certeza é tão grande e reconfortante, que me faz pensar nos painkillers do cotidiano, as coisas que fazemos pra nos distrair, para tentar aplacar a dor da existência (dramático, não?).

Bem, não vou ficar dando exemplos didáticos como sempre costumo fazer, ao invés disso vou fazer uma comparação. O que queremos com medicamentos é parar de sentir, o motivo da dor continua lá, mas você quer simplesmente esquecê-la. Buscamos muitas distrações para nossa vida, e isso é fato. Não estou fazendo julgamento negativo de nossas distrações, é só mesmo uma comparação, mesmo porque não vejo nenhum mérito em ficar cultivando dor. Sofrer sem recompensa é muito cristão pra mim, é bom refletir, mas não tem nada de negativo em procurar alívio para nossos tormentos. O que eu mais quero é descobrir alguns novos “Painkillers for a new life”.

Been waiting for the night to fall
I knew that it would save us all
Now everything's dark
Keeps us from the stark reality

Been waiting for the night to fall
Now everything is bearable
And here in the still
All that you feel is tranquility

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O que é dor?

Freqüentemente tenho que caminhar em frente a um hospital de pronto socorro, e passando por lá eu me lembro de uma coisa que é óbvia, mas que se torna atormentador quando se é tão palpável: as pessoas sofrem.

Você deve estar pensando, só agora este egocêntrico percebeu isto? Não, o caso não é este, mas é que algumas cenas nos provocam sensações novas, abrem uma chave de memória, tocam um lugar diferente. Não existiu apenas uma cena que me provocou este alarde, e sim uma sucessão delas.

Primeiro, vejo alguém descendo do táxi. Era uma jovem mulher, ela estava encurvada, a dor estava clara em seu semblante. Ela vestia, muito provavelmente, a mesma roupa que usa para dormir, um pijama com pantufas. Ela poderia estar como eu, voltando de uma noite de diversão com os amigos, mas não, ela não consegue pensar em outra coisa, senão se livrar daquela dor que a atormenta. Essa cena, que na maioria das vezes me passaria despercebida aguçou ainda mais minha percepção. Em seguida vi uma senhora, de aproximadamente 60 anos, segurando em seu colo um bebê que provavelmente seria seu neto. Ele chorava incessantemente, e ela tentava o acalmar, mas de pouco adiantava. Nesse momento eu percebi que as pessoas sofrem, cada um com sua própria dor, com seu próprio desgosto, cada qual com seu sofrimento, mas a regra é o sofrimento.

Independente se a dor é física, se a dor é sentimental ou seja lá que outra dor possa existir, essa dor pode piorar, acredite. Por pior que esteja se sentindo, pode ficar pior, digo isso por experiência própria. Tendemos a valorizar nossa dor, muito além da dor dos outros, mas não podemos deixar de comparar nossa dor de agora com a dor de outros momentos, ou até mesmo vislumbrar um fato que nos causaria uma dor ainda maior do que a dor de agora.

O sentimento que senti foi deveras peculiar, poucas vezes o senti. Mas fatalmente, amanhã ele já será passado. De pouco importa o sofrimento dos outros, talvez amanhã eu perca o meu ônibus, ou quem sabe, minha camisa preferida esteja suja. Não sei dizer, mas um desses horríveis fatos que me causam sofrimento em breve irão suprimir essa empatia para com o sofrimento alheio. Há algo mais palpável e aterrorizador que o meu próprio sofrimento? Ele é menor do que o dos outros? Eu só posso dizer que não.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Cárcere de Hipnos

Sono constante, ebriedade resultante
Da inapetência de conviver
Amarras frouxas, simbólicas
Psicológicas, ilógicas
Contudo medíocres
não trazem paz, não trazem medo
Mas, igualmente enfadonhas

Cortá-las-ei
Escorrer por entre seus nós
Trocar de peia
Em busca de um novo
de um costumeiro cárcere
um mais palpável
com projeto tangível
feito por mim e inteligível

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Estou... ainda sentindo.

Estou cansado de dizer, pra ouvidos ou para as paredes
Estou triste, por estar tão exposto, ser tão desnecessário
Estou decepcionado, com minha insistência tão humana em errar
Estou assustado, com os fantasmas que são mais visíveis do que eu
Estou pensando, que algumas coisas não tem solução
Estou querendo, que tudo mude, mas sobretudo essa lente deformada
Estou com medo, de perder o que ainda considero vital
Como se tivesse que respirar sem ar
Como se um câncer cego, me devorasse
Como se o abismo fosse mais visível que as margens
Sem antes, sem depois, só o agora

Auto-panóptico

O 1984 está acontecendo, como Orwell temeu em sua distopia. Só que agora a teletela não é mais algo externo, nem uma iniciativa estatal, estamos nós mesmos instalando uma, em cada cantinho de nossa vida. Se na obra de Orwell a teletela servia para entreter e vigiar, a nossa teletela não funciona muito diferente. O seu novo nome é Internet (e qualquer dispositivo que dê acesso à rede).

As redes de relacionamento (pra brasileiro é orkut), blogs (como este), last.fm e centenas de outros mecanismos cumprem muito bem a função de espiões do cotidiano, e como já adiantei, o diferencial é que nós mesmos construímos esse monstro, nós estamos ávidos para entrar nesse panóptico.

É assustador pensar no quanto nos expomos. Estava de olho neste meu blog e vi o quanto de informação pessoal tem nele. Por aqui você pode saber o que ouço, onde trabalho, quais pessoas conheço, ver minhas fotos, até saber o que quero ganhar de aniversário. E o pior, vocês podem saber o que eu sinto, o que penso e quiçá conhecer as minhas angústias através de uns esparsos poemas.

Se pensarmos novamente na teletela, ela só captava imagem e voz, criamos um mecanismo muito mais avançado, muito mais sutil e meticuloso, e esta obra é pública, todos vocês participam.

E em troca de quê nos submetemos a isso? Tentamos vender nosso peixe (como Z. Bauman afirma em seu livro “Vida pra consumo”), ou quem sabe só queremos nos diferenciar? Quem sabe nos sentimos poderosos ao poder vigiar a todos e as vezes até nos esquecemos que também estamos sendo vigiados?

Qualquer sugestão é só postar um comentário. (Isso serve para todos os meus leitores imaginários)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Presentes para MEU aniversário

OBS: serão acrescentados itens de acordo com meu interesse.

Eu sei, esse post é deveras egocêntrico. Mas vamos ser sinceros, é bom ter um norte, não estou pedindo presentes, mas se alguém for me dar um livro ou outra coisa que depende de bom gosto, dê uma olhada antes aqui para evitar presentes de gaveta. Tem o link também com o preço mais em conta que eu achei, mas sintam-se livres para procurar em outro lugar.
Legenda:
$ - até 15 reais
$$ - até 25 reais
$$$ - até 55 reais
$$$$ - até 100 reais
Livros
A náusea - Jean P Sartre ($)
Cem anos de solidão - Gabriel G. Márquez ($)
Medo líquido - Z. Bauman ($$)
Ensaio sobre a cegueira - José Saramago ($$)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Like a rolling stone

Bem andei pensando sobre muitas coisas nos últimos dias e cheguei a uma conclusão, é difícil chegar a uma conclusão. :)

Estava pensando especificamente sobre o porque de tomarmos algumas decisões, mas a verdade é que o rumo que as coisas tomam não tem um motivo claro e as pessoas não conseguem entender isso, não conseguem lidar bem com a complexidade das coisas.

Todos sabemos que do século XX para cá chegamos a um consenso (intersubjetividade) sobre desconstrução do que antes determinávamos como verdade. Não posso deixar de pensar que nas nossas decisões acontecem a mesma coisa. São tantos fatores que interferem na nossa vida que é até ridículo ficar tentando achar uma causa para tudo, a origem das coisas. Uma vez meu professor de História da ciência da técnica fez uma brincadeira que ele mesmo chamou de paradoxo do careca ou algo do tipo (todos que tiveram aula com ele sabem que ele gosta de criar paradoxos). Bem, quando você vê um careca, sabe-se imediatamente que ele é um careca, mas a queda de qual fio o caracterizou como tal? Quantos fios precisaram cair para ele ser chamado de careca?

Pois bem, às vezes nos encontramos numa situação que não sabemos muito bem a origem, onde tudo começou, só sabemos que estamos nela.

Tudo bem em tentar explicar de forma didática as coisas do trabalho, da faculdade e todo o resto onde se faz necessário, mas temos mesmo que justificar nossas decisões de maneira didática?

Quando vamos nos expor parece que as pessoas gostariam de algo tão objetivo quanto os “TOP 5” do Nick Hornby, seria engraçado, e vocês sabem o quanto adoro parecer mau cheio de humor negro no coração, mas as vezes nem sempre funciona.

Tá bom, esse post está bem caretão e sério, o que não é normal, mas é só uma justificativa para os meus pares. Entendam, é complicado e eu não sei o que se passa.

How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Versos soltos

amanhã, o relógio não toca
os cadernos não abrem
as palavras não precisam sair
as promessas jazem mortas

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dulce mañana

pão, ônibus, computador
pressa, pânico e o horror
a vida passa
o tempo esfumaça.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Routine

alguns dias são mais
outros são menos
as vezes são água, as vezes são areia
mas nunca cimento, nunca concretos

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mais um dia de auto-controle (ficcional)

Ontem, como todos os outros dias, acordei com o despertador com seu grunhido característico, que mais parece um alarme para evacuar um prédio incendiado. Minha vontade era de quebrá-lo, jogá-lo pela parede e voltar a dormir, mas como sei de minhas obrigações (apesar de que não sei por que as tenho), apenas apertei o botão de desligar e levantei, fui direto para o chuveiro.

Tomei banho, meio ainda sem saber onde estava. Minha vontade era realmente de voltar a dormir, mas eu tenho autocontrole. A água na verdade não me incomoda, incomoda a falta dela, o meu chuveiro é um bocado vagabundo. Por um lado isso é bom porque economiza água, e até luz, pois afinal, temos que controlar também as finanças, e não só a nós mesmos, por outro lado a água só atinge uns 10 cm quadrados do meu corpo, e o restante fica congelando com o vento que passa pela janela quebrada.

Saindo fui tomar o meu café da manhã. Como sempre, e então comi meu rotineiro pão com gordura vegetal hidrogenada, vulgo margarina e meu café ralo. Minha vontade era de comer um baita de uma omelete com dois ovos, muito bacon e refrigerante, mas temos que nos controlar, afinal de contas, tem a história do colesterol, diabetes, celulites e nem sei mais o quê, além é claro das finanças. Contentei-me com o que tinha.

Terminei de fazer as mesmas coisas que faço todos os dias e fui pegar o ônibus para o trabalho, minha vontade nesta hora era de desistir de tudo, já faz anos que não tenho férias, e estou num emprego que odeio, sem falar no fato de que odeio a todos que trabalham comigo, principalmente o meu chefe arrogante. Mas como sempre faço, peguei o ônibus lotado e fui para o trabalho. Gosto de seguir sempre minha rotina e fazer as coisas como as planejo, a vida sem previsibilidade é assustadora.

No ônibus, pessoas com os piores perfumes, falando alto, sendo grossas. Minha vontade era de partir a cara de pelo menos 6, sentar no banco da frente reservado para idosos e ir sem que ninguém sequer olhasse para mim, mas como sou um homem civilizado, apenas prendi a respiração, não sentei nos lugares reservados para os idosos e fui para o fundo, disputar um lugar vazio para permanecer em pé. No próximo ponto entram 6, justamente 6 jovens que sentam nos lugares para idosos. Agora mais que nunca queria quebrar a cara de 6 pessoas, mas sou civilizado, lembram? A luta não era com eles, era comigo mesmo, logo fiz o que sei fazer de melhor, engoli minha raiva.

Chegando no serviço, dou bom dia a todos que mais odeio, sento na minha mesa, e cuido de toda a burocracia diária que prefiro não detalhar, já estou de saco cheio de tudo isso. Dos fatos no meu horário de serviço me recordo bem de dois. O primeiro foi a estagiária que não para de me dar bola, ela deve ter uns 22 anos e se oferece para mim em todas as oportunidades. Hoje por exemplo ela me chamou para um chope depois do trabalho, com um semblante pra lá de suspeito. Não sei o que ela vê em mim, mas só sei que meus instintos quase me obrigam a tomar uma atitude, porém, sou noivo e tenho que me controlar. Além do mais, um homem com minha idade, não ia pegar bem, certo?

O outro fato, foi um telefonema da minha noiva, ela me fez de gato e sapato no telefone por que não vou poder sair com ela no sábado, pois tenho que trabalhar. Minha vontade era de mandar ela para o inferno, mas como sou civilizado, apenas concordei sem alterar minha voz, pedi desculpas e ainda tenho que pensar numa forma de me redimir, talvez compre flores. Eu sei que não fiz nada de errado, mas não posso me comportar feito um bruto. E afinal de contas, já estamos juntos há tanto tempo, nosso casamento já está até marcado, mesmo estando de saco cheio dela e de tudo isso, não dá mais para terminar.

Depois disso tudo, que nem são tantas coisas assim, me lembro somente de ter chegado em casa, assistido o jornal, ter me masturbado pensando na estagiária, afinal de contas já fazem umas 5 semanas que não faço sexo com minha noiva e depois, fui dormir pra esperar o próximo dia.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Como já dizia Eustache Deschamps

"Feliz é aquele que não tem filhos porque as crianças não fazem senão chorar e cheiram mal; só dão trabalhos e cuidados; têm de ser vestidas, albergadas, alimentadas; contraem doenças e morrem. Quando são crescidas podem seguir por maus caminhos e ser presas. Nada senão cuidados e desgostos; nenhuma felicidade nos compensa das aflições, dos trabalhos e das despesas com a sua educação."

E isso foi dito por volta de 1392... viram só, as coisas não mudam.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Desabafo ao mundo



Seres desprezíveis, odeio em vocês tudo o que vejo em mim. Bando de copistas, copiam tudo que
custei a copiar. Para as favas com sua pompa.

Músicas

Como estou "repostando" os posts mais importantes do antigo Oficina do Diabo, lá vai as duas músicas que eu havia postado lá:

Pathetic: http://www.goear.com/listen.php?v=9f2b01c
Essa foi uma brincadeira que fiz e contei com a colaboração da Jana tudo composto e gravado no meu quarto em alguns minutos. :)
Preto Velho: http://www.goear.com/listen.php?v=1bb8907
Essa não precisa dizer de quem é, de qualquer forma também foi gravado tudo no meu quarto, dessa vez sozinho.



Incerta existência

Nesse espaço escuro e sujo
Onde o silêncio é uma sinfonia
um Buraco em que me alma se enfia
me molho em pranto e enferrujo

não me importo com Hipócrates
nem com minha discrasia
não penso em disparates
nem em toda hipocrisia

na inanidade, escolho o nada
e na bagatela de uma vida
fico ditoso em não existir

Cega Inocência

Amarga tristeza imunda
Amarra minha alma
Maldita visão enfada
Enxerga só, é frívula

Pena que há
Há o que enxergar
Pena que só
Sem compartilhar

Triste imundice amarga
Minha alma pena
a pena de não ser só
não sou só

Frívula de enxergar
o que deveria ser nada
porque aparecestes?
enfada-me de falar

Pena que há
Há o que enxergar
Pena que só
Sem compartilhar

Trevas coração

Em meio as trevas
o medo é só meu
perpassa minhas veias
estremece minhas entranhas

O som dos tambores
Os vultos de bronze
a névoa do ódio
o medo mulato

a dormência de um ser
das trevas coração
o horror, o horror

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Inerte

Língua solta sob o cadarço encardido
Mania intrépida de trepidar
Doce lembrança de um futuro certamente incerto

Planos montanhosos que desmoronam a rolar
como duas galinhas gordas
à perspectiva de se ter um jantar

Longo caminho a murmurar até o derradeiro
É a foz sem ciclo
É a voz sem grito
É o só, e só!