terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Painkillers for a new life

Antes de mais nada, esse é mais um tópico sobre a dor. Mas o importante é que o motivo da postagem é outro bem diverso.

Não raramente, costumo ter dores fortes e hoje foi um desses dias. Normalmente essas dores começam de madrugada e só percebo que não estou bem, quando acordo de um pesadelo. Nesses casos o motivo do pesadelo é a dor, o desconforto físico é quase sempre revertido em sofrimento psicológico.

Todos já devem ter passado por uma experiência parecida, algum incomodo físico que é revertido num sonho, numa situação surreal que reflete o desconforto físico. O mais comum é deitar em cima do braço e sonhar que o membro está sendo amputado, ou prender o pé em algum lugar e sonhar que alguém está te prendendo, enfim, algo que seja muito semelhante a atual situação do seu corpo.

No meu caso como são dores abdominais, daquelas que se diluem por seu corpo, que se misturam com outras sensações, você não sabe ao certo de onde vem, sabe que dói, sabe que é horrível, e só quer fazer passar. Que tipo de pesadelo uma dor dessas pode gerar?

Se eu tentasse imaginar um pesadelo deste tipo, sem nunca ter vivenciado, acho que não conseguiria, mas como vivencio isso posso tentar descrever. Esses pesadelos revelam os meus maiores medos, reconstroem fatos que me causariam o maior desconforto. Algo como imaginar o seu melhor amigo lhe aprontando uma puta sacanagem ou você sendo humilhado em público por um motivo qualquer. Mas acredite, os pesadelos tem detalhes sórdidos, e não adianta acordar e voltar a dormir, porque o pesadelo irá voltar, enquanto a dor existir o pesadelo vai te perseguir. Não é só isso, ele assume formas assustadoras, situações irreais que usam o argumento do ridículo para te convencer, um amontoado de hipérboles que em seu estado letárgico de sono e dor são aceitas como verdades absolutas. Ou seja, como se não bastasse a dor ainda vem o tormento psicológico, isso confirma a teoria de que desgraça pouca é bobagem.

Agora, finalmente podemos chegar ao motivo do tópico que não é a dor e sim os painkillers (analgésicos). Em meio a madrugada levantei como um zumbi procurando um, e achei. Aproximadamente 30 minutos depois de uma superdosagem já me sentia bem melhor, iria finalmente poder dormir sem dor, sem pesadelos. Mas a maior sensação de conforto é o pragmatismo dos medicamentos, você sabe exatamente o que tomar para acabar com cada dor. E a certeza é tão grande e reconfortante, que me faz pensar nos painkillers do cotidiano, as coisas que fazemos pra nos distrair, para tentar aplacar a dor da existência (dramático, não?).

Bem, não vou ficar dando exemplos didáticos como sempre costumo fazer, ao invés disso vou fazer uma comparação. O que queremos com medicamentos é parar de sentir, o motivo da dor continua lá, mas você quer simplesmente esquecê-la. Buscamos muitas distrações para nossa vida, e isso é fato. Não estou fazendo julgamento negativo de nossas distrações, é só mesmo uma comparação, mesmo porque não vejo nenhum mérito em ficar cultivando dor. Sofrer sem recompensa é muito cristão pra mim, é bom refletir, mas não tem nada de negativo em procurar alívio para nossos tormentos. O que eu mais quero é descobrir alguns novos “Painkillers for a new life”.

Been waiting for the night to fall
I knew that it would save us all
Now everything's dark
Keeps us from the stark reality

Been waiting for the night to fall
Now everything is bearable
And here in the still
All that you feel is tranquility