terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Let it burn

Deixe queimar, ela disse certa vez. Mas talvez não soubesse o impacto que uma simples frase poderia ter na vida de um homem daquela idade.

Queimar a si mesmo, e a cada resquício de humanidade que lhe restara tornou-se quase que sua ideologia, a única das ideologias restantes, aquela que veio para suprimir todas as outras.

Cada ítem da sua coleção de moral foi se esvaecendo, um a um, de vegetariano passou a comer carne podre nas lixeiras dos açougues. Aquele homem que sempre fora católico agora mijava em sua estátua fluorescente da virgem maria. Queimava, cada vez mais.

Queimava e chorava todas as noites, mas a cada pilar que queimava, só lhe restava apenas o gás para continuar queimando.

Porém, como uma vela, para-se de queimar, e sobra apenas uma fraca chama. Agora não lhe resta mais a fé, não lhe resta mais as ideologias e nem a chama. Queimou todo, e agora jogaram terra sobre aqueles restos putréfos de um homem, que um dia soube ter fé.