domingo, 14 de fevereiro de 2010

Considerações carnavalescas

A sensação poderia ser descrita como: me sentir como um escravo recém liberto. Estou sem os grilhões do trabalho, do estresse diário, do consumismo urbano (porque as lojas estão todas fechadas) mas não tenho outra vida para viver. Estou como um pássaro domesticado que é solto e tromba com a cara em todas as paredes da casa, até ficar agarrado em alguma janela ou preso debaixo da tampa de vidro da mesa da copa. Não estou livre, estou apenas no pátio recreativo esperando passarem minhas horas (umas 72) de descanso para então voltar ao dia-a-dia.

Mas não se engane, não há pássaros livres, apenas tentativas afoitas de sobrevivência. E nesse quesito, nós pássaros de gaiola estamos sempre um passo a frente. Poderia viajar, mas sei que no final o outro dia é sempre o outro dia, no final da transa, o orgasmo, depois do orgasmo, a roupa intima, um cigarro ou um cochilo. Quiçá tudo isso.

No final todo caviar vira ração. No final, é igual ao começo. Apenas uma página branca.