domingo, 19 de junho de 2011

Abaporu entalado

Sou um filho bastardo, degenerado. Filho da pós-modernidade com o romantismo, mas não puxei nenhum dos dois, nenhum deles me acolhe em seus braços. Carrego dentro de mim o gérmen da destruição, o pássaro hesseniano que quebra o ovo para nascer, nascer deformado, sem asas pra voar, nascer em coma, impotente.

Sou o mulato indie, o caboclo nouveau, o cafuzo synthpop, um alienado dissociado com o ego em frangalhos. Laico com chagas cristãs, um pobre macaco em meio a um circo espacial.

Uma pluma no ninho de cucos, Bacamarte que se recolhe em sua casa verde. Um humano fingindo ser um animal em meio a animais fingindo ser humanos.

Aqui jaz um ego, que deu seus últimos suspiros através da ferida de narciso. Afortunado foi Iokanaan que viu a luz antes de perder a cabeça e foi salvo pelo amor. Só o amor nos liberta da obrigatoriedade de ser livres.